Do tempo que vivi na Itália eu passei por 2 terremotos, nenhum deles foi uma experiencia memorável, tanto que só me lembrei disso hoje ao ver o estrago acontecido no Abruzzo. E com isso talvez tenha entendido o comportamento histérico de algumas das 60 moradoras do convento.
A primeira vez eu estava em sala de aula. Se a aula me interessa, eu entro em transe e nao vejo nada em volta, totalmente focada no assunto do meu interesse. E por isso fiquei irritada com o tranco que levei na minha cadeira, olhei pro lado para reclamar e... nao tinha ninguém. Olhei para o resto da turma e todos estavam com os olhos arregalados. Nao entendi nada quando o Guido mandou todo mundo levantar e sair do prédio rápido. Era um terremoto. Voltamos a aula depois de meia hora. Nao sei o que passou pela minha cabeca, porque aquilo ali em nada se parecia com a ideia que eu tinha do que seria um terremoto. Mas se nunca havia estado no meio de um deles, como saber?
Uns dois meses depois eu estava no convento dormindo e sou acordada por gritos e murros na porta do meu box. "Cosa succede, pazze?" Tava furiosa, odeio ser acordada aos gritos.
- Terremoto! Terremoto!
- Nao to sentindo nada mexendo.
- Foi meia hora atrás.
- Me chama se balancar de novo.
- Cazzi tuoi!
- Ma va afanc...
Acho que das 60, umas 35 passaram a noite na rua, afastadas do prédio, mas se fazendo sentir presentes pelo volume de voz. No dia seguinte fiquei sabendo que a escandalosa que batia na minha porta havia perdido parte da família e a mae num terremoto, sei lá onde, se Basilicata, Puglia, algum lugar "giú". Muito embora nada tenha acontecido conosco ou na cidade de Treviso, a bichinha ficou em estado de choque uns 2 dias, levou uma cadeira reclinável e cobertor e passou a noite no quintal nos próximos dias. Quando fui me desculpar, ela comecou a chorar de nervoso. Como a aquela altura a minha má vontade com os italianos já era altíssima, o episódio serviu para eu baixar a guarda um pouco e ver que nem toda histeria era fruto de gente tresloucada. Naquela situacao, eu é que nao estava vendo "de onde eles vinham".
Picture SNOWSHOEING IN SANTA FE (NEW MEXICO, USA, March 2010)
Vicky Mundo Afora ou Mundoafora? Nao importa. É vida de imigrante. O mundo eh tao grande. Por que deveria passar minha vida inteira no Rio de Janeiro? Preciso viver e falar outras linguas, viver com e como outras pessoas. Um dia eu volto. Para onde? Ora, para casa. Onde eh casa mesmo?
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8 comentários:
Deve ser terrivel passar por uma experiencia desse porte. Um trauma para toda a vida.
Bjs
Julia
Olá! Obrigada por ir lá no meu blog! Seja bem vinda!!! Você tá em londres há quanto tempo? Bem..quem sabe um dia não nos esbarramos pela Trafalgar Square :)
beijos!
Olá, Vicky.
Eu estava procurando o nome do meu bisavô no Google e os resultados me levaram ao seu blog. No seu post de 12/09/03 você escreveu o seguinte: "Onde tem um arquivo que eu possa encontrar Giuseppe Fioravanti Brollo, em torno de 1867 , e seus irmaos fratelli gemelli Luigi e Riccardo Brollo nascidos entre 1874-1877?". Coinscidentemente, o meu bisavô também se chama Ricardo Brollo e nasceu em 26/10/1876, na comune de Meolo. Será que o "seu" Riccardo seria o mesmo "meu"?
Estou levantando informações para realizar o pedido de cidadania. Você é italiana? Poderia me dar uma luz?
Obrigado.
Leonardo Calvão Brollo.
Nova Friburgo - RJ
PS: Não me confundir com Leonardo Macedo Brollo, o qual me informou que já conversou com você há um tempo atrás, mas perdeu o contato. Eu e ele estamos juntos tentando a cidadania.
Um abraço.
Leonardo, é o mesmo sim, eu acredito. E já tenho a minha cidadania também. Como o meu bisavó nao é o mesmo que o seu, o meu processo nao ajuda no seu. Conhece o Alexandre Brollo de Jacarepagua? Ele é bisneto do Ricardo também e tem toda a nossa árvore genealógica. Vou passar o contato dele por email para voce.
O mais difícil vc já tem, é só escrever ao comune de Meolo e pedir seu documento que eles enviam. E conseguir os documentos de toda a linhagem até chegar a voce - o que é um saco!
Um abraco.
posso imaginar pq vc não percebeu que era um terremoto. o terremotinho que teve aqui em sampa foi bem estranho. parecia qdo. alguém encosta na mesa e fica chacoalhando o pé. era uma coisa tão besta, que só soube que era terremoto pela internet...
Vicky...
Vi aqui no seu blog que vc é bisneta de Ricardo Brollo. Eu tb sou. Se vc puder, me passa um email seu pra me passar mais informações, e tb sobre esse contato que vc disse do Alexandre que tem a aárvore genealógica da familia.
Muito obrigado!
Olá como vai?
Eu moro no Rio Grande do sul estou buscando informações sobre a familia Brollo eu tenho algumas informações mas o que eu tenho não é o suficiente para oq eu pretendo gostaria de obter mais informações sobre nossa familia!!!
meu e-mail é fortesm83@hotmail.com
desde já agradeço.
Oi Vitorinha! Lembra de mim, Juce, sua prima paranaense. Sem querer te achei aqui e fiquei muito feliz. Dê noticias no meu e-mail: jubacopetti@gmail.com. Beijos, Juce
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