Picture SNOWSHOEING IN SANTA FE (NEW MEXICO, USA, March 2010)

Vicky Mundo Afora ou Mundoafora? Nao importa. É vida de imigrante. O mundo eh tao grande. Por que deveria passar minha vida inteira no Rio de Janeiro? Preciso viver e falar outras linguas, viver com e como outras pessoas. Um dia eu volto. Para onde? Ora, para casa. Onde eh casa mesmo?



Picture credits on this blog go to my lovely husband, who has never enough of beautiful and interesting views all over the world. If a picture is not his, it will be linked to its original source.

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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Perdas e Danos

Perdas e Danos

Ja perdi meu pai, meu irmao, minha avo, alguns amigos. A dor eh imensa, o tempo so transforma, algumas em saudade, outras em decepcao, mas nao acho que a intensidade diminua. Tenho panico de pensar em um dia ficar sem minha mae e sem o meu marido. Onde vou arranjar forcas para viver depois disso?

Pessoas mesquinhas, inveja, fofocas, hipocrisia, tudo isso irrita e faz parte da vida, nao tem como nos isolarmos numa redoma. Ficam muitas cicatrizes, temos que aprender a lidar com essas coisas, sem perder as esperancas e sucumbir aos mal-amados.



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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O Grande Humorista da Vida

O grande Humorista da vida

Tem dias que eu acho que Deus nos colocou aqui para aprendermos a nao nos levarmos muito a serio. Talvez tenhamos que aprender a rir mais de nos mesmos e da vida. Fazer as coisas que parecem tao pesadas ficarem mais leves, afinal, o peso eh soh um efeito da gravidade. O grande Humorista da vida esta la no alto, e aqui ao nosso lado, rindo das nossas situacoes tornadas tao graves pela nossa falta de senso de humor. Sera que estou falando alguma heresia?

Tem dias que eu quero falar, mas cantar eh melhor. E Chico Buarque ja disse o que eu queria dizer mesmo:



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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

No Caminho Para o Aeroporto

No Caminho Para o Aeroporto - Chegando ou Saindo

Lendo random blogs pela internet, esbarrei no Viaje na Viagem com dicas sobre o que vestir no hemisferio norte durante uma viagem curta. Uma das duvidas nos comentarios era sobre como se vestir no caminho para o aeroporto, quando o destino eh gelado, mas a origem eh o Brasil 40 graus. Digo que o inverso, sair do gelo em direcao ao verao brasileiro, tambem eh um drama. A solucao que eu encontrei eh o objetivo desse post.

As dicas oferecidas pelo Ricardo Freire, do referido blog, sao para turistas que nao querem investir em equipamento adequado ao inverno rigoroso. Sao conceitos opostos, vestir-se a turismo e vestir-se no local de moradia. Passar frio para parecer "mais bonito" eh coisa de turista que quer tirar fotos bonitas, mas nao eh pratico para quem precisa viver o dia a dia em baixas temperaturas. Eu passei muito frio nos meus primeiros anos vivendo na Europa por seguir tal tipo de conselho. O frio soh ficou mais suportavel quando comecei a seguir as dicas de gente local, que nasceu no frio.  Se voce mora nas zonas geladas do globo, ou quer investir em roupas adequadas para varias viagens, eh melhor ler as dicas que eu ja compilei aqui.

Frio nao existe. 
O que existe eh roupa inadequada ao clima.

Para quem se recusa a usar um casacao estilo Michelin, sinto muito mas a unica alternativa de protecao termica equivalente eh usar um casaco de pele (real ou sintetico). Nao estou entrando no merito da falta de "verdura" em se usar um casaco de pele, ate porque os meus sao sinteticos. So estou falando em protecao contra o frio. Casacos de la ou cashmere sao lindos mas, alem de serem muito pesados, nao oferecem isolamento termico otimo para baixas temperaturas de inverno, sao mais adequados ao outono/primavera.

Eh impossivel fugir das varias camadas de roupas quando se fala em frio rigoroso. O que varia eh a quantidade e a qualidade das suas camadas. Use os tecidos corretos, e voce podera usar menos camadas e andar mais leve. E essas mesmas camadas "corretas" farao o translado ate o aeroporto mais confortavel. Eu mesma ja passei por esta situacao varias vezes: Viajar para o Brasil entre abril e setembro eh um sonho que so consegui realizar uma vez, e a unica em que a viagem foi realmente confortavel, porque o inverno no Rio de Janeiro tem a mesma temperatura do verao europeu, ou ao menos, do verao ingles.

Eu sinto muito frio, sempre fui assim. Eh lenda e piada na familia o dia que minha mae me vestiu com um poncho sobre o biquini, para ir a praia com meus tios, durante um janeiro qualquer da decada de 70. Hoje minha mae desmente com veemencia, mas tenho todos os primos sacanas como testemunhas. Durmo coberta ateh mesmo no verao, entao, me considerem um caso extremo e adaptem o conceito de vestimenta ao seu proprio grau de friagem interna.

Volto a insistir no valor da la merino e cashmere 
- para camadas intermediarias.

Camisetas e ceroulas (leggings, para as mais frescas) de la merino tem aparencia, textura e conforto de pecas de algodao, mas com a protecao termica da la que regula a temperatura do corpo enquanto permite a evaporacao da humidade da pele. Gostosa no inverno e no verao. Eh o ideal para quem mora no frio, nao vivo sem minhas Smartwool, nunca mais senti frio depois que as descobri . Quem mora no Brasil e nao quer gastar muito com roupas para viagem, use os mesmos tipos de pecas, porem em tecidos proprios para fazer ginastica. Aqueles tecidos sinteticos tem propriedades termicas semelhantes a la porem, sem o mesmo custo e nao tao eficientes. E o importante eh usar algo que seja colado na pele, como primeira camada e que nao seja de algodao. Se alguem quiser lhe vender "roupas termicas" cuja descricao na etiqueta diz 100% algodao, saia correndo. O algodao ira aumentar sua sensacao de frio. Ate o velho truque de usar meia calca cortada como top, eh mais indicado na hora do sufoco no frio intenso.

Na minha lista de objetos do desejo para esse Natal, nova jaqueta Smartwool -  aquece sem pesar.


No Caminho para o aeroporto - 
Quando saio de casa, visto uma camiseta de la merino, uma calca confortavel (que obviamente nao eh jeans) e a bota que usarei quando chegar ao meu destino, com ou sem meia, dependendo do calor. Jah no aeroporto, visto uma legging de la por baixo da calca, coloco meias grossas, e um pullover por cima da camiseta. Nas maos carrego um cardiga de cashmere e o casacao de inverno. Na bagagem de mao tem um cachecol de cashmere, uma boina ou gorro, outra meia mais poderosa do que a dos pes, e luvas. Dentro do aviao eu sempre congelo, assim, acabo vestindo quase tudo ali mesmo.

Visto muita roupa no aeroporto e sinto sim um pouco de calor, mas por pouco tempo. Primeiro porque os aeroportos sao sempre frios, e depois os avioes sao congelantes. Porem, o principal motivo eh porque os banheiros dos avioes sao nojentos, e eu nao teria nem tempo para vestir isso tudo com calma, durante o voo.

Nao recomendo meias calcas porque machucarao seus pes durante o trajeto. Experiencia propria. Se voce estiver de legging e meias eh facil ajustar algo que esteja incomodando.

Se o voo for no sentido Geladeira - Forno soh precisa seguir na ordem inversa, e ir retirando as pecas conforme o avancar da viagem. Sinto muito se desapontei, mas nao tem como escapar da sindrome da cebola durante viagens entre estacoes e hemisferios opostos.

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Alguns links dos produtos citados ou semelhantes, para ilustrar:

  


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sao Judas Tadeu

Nao custa lembrar, essa eh a semana da novena de Sao Judas Tadeu. A grande festa eh no domingo, dia 28 de outubro. Entao, para quem quiser praticar o ingles, aqui vai um video com a novena deste ano, direto da Basilica de Sao Judas, em Chicago, EUA.



Sao Judas Tadeu, rogai por nos que recorremos a vos.

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Politica e TV Fora do Brasil

Politica e TV Fora do Brasil

Ja ha algum tempo eu tenho andado bem enjoada das coisas, por um milhao de motivos. Dentre esses, a falta de uma vida ativa, como sempre tive, pois ainda nao tenho permissao para trabalhar. Adoro cuidar da minha casa mas, ser dona de casa em tempo integral eh invencao do demo! Nao consigo pensar em pior ocupacao, principalmente porque dependendo da familia que voce tem, trabalha feito um burro de carga o dia inteiro, e quando para, parece que nada foi feito. Da um desanimo... Enfim, bom proveito para quem gosta, mas viver as custas de marido, pra mim, eh penitencia, e nao, meio de vida. Alem de que, sempre tive a impressao de conseguir fazer muito mais dentro de casa quando saio para trabalhar e volto tarde da noite, para ainda preparar janta e colocar roupa na maquina.

Por essas e outras que por muito tempo andei afastada de coisas que sempre gostei, e agora tenho procurado me envolver novamente com o que me agrada. Ja que nao saio para trabalhar, faco a minha rotina enviesada, ja sempre fui muito mais coruja do que cotovia: durmo ate tarde, tomo cafe da manha quando eh quase hora da janta, arrumo cozinha e cozinho depois que ja escureceu, coloco roupa na maquina de madrugada, e assisto os melhores programas na televisao durante a madrugada. Vou dormir 6 ou 7 da manha. Na Inglaterra eu tinha a BBC para assistir. Aqui, tenho a PBS, com varios programas bons, e os principais, nao por acaso, sao producoes da BBC. E essa programacao tem me ajudado a me reconectar comigo mesma.

Quase de manha, assisto a ME TV, um canal que soh tem series de televisao do tempo do onca. Sao varios programas que nunca vi no Brasil e hoje sao meus favoritos, como The Odd Couple, Family Affairs e The Beverly Hillbillies, e alguns outros que passavam quando eu era crianca demais para apreciar, Mission Impossible, Mash, Kojak. Na PBS tem um programa de culinaria que eh uma maravilha, com o Jacques Pepin, todos os seus pratos parecem deliciosos. O unico programa onde o chef sabe a diferenca entre sal e acucar, mesmo sendo um frances. Porem, o melhor de tudo, sao os programas que abordam assuntos que sao a minha essencia, onde eu consigo recuperar o que sempre fui : Historia, Politica, Classicos da Literatura, programacao da Metropolitan Opera/NY, sao meus preferidos.

Esses ultimos dias eu comecei a prestar atencao nas eleicoes americanas. Politica sempre foi essencial na minha vida, analise de comportamento e discursos de candidatos, historia politica, eu vou as nuvens. Nunca havia me interessado pelas noticias politicas dos EUA porque nunca pensei em vir para ca, e nem fazia parte das minhas futuras intencoes de pesquisa (eu nao sou Cientista Politica a toa, ne? Se estudei tanto eh porque gosto muito). Agora, ja que estou morando aqui, tenho que saber o que se passa. E estou fascinada pelos debates que tenho assistido na televisao. Nao me lembro de ter assistido embates tao interessantes no Brasil.

Gosto de perceber as contradicoes nos discursos, as inconsistencias, as estrategias de defesa. Gosto das coisas que o Romney fala, mas nao consigo acreditar nele. Barack Obama eh um pessimo orador de improviso, ele faz boa figura declamando algo que decorou e estudou previamente, mas quando confrontado com perguntas que nao o deixam confortavel, a estrategia dele eh dizer que o oponente nao sabe o que fala. Se voce nao estiver tomando partido de nenhum dos lados, eh facil perceber essas armadilhas e estrategias de discurso, mas quando voce eh claque dos partidos, eh claro que vai dizer que o seu candidato eh o melhor estrategista. Na verdade, o discurso-espetaculo nao eh o verdadeiro conteudo, eh uma arma para impressionar indecisos, o conteudo deve estar presente de forma mais clara nos programas de campanha. E mesmo assim, nao tem como exigir que sejam postos em pratica depois das eleicoes, a nao ser que voce seja interessado o suficiente, para estudar a situacao e nao votar novamente baseados somente nas palavras ditas.

Agora me diz, quem no Brasil se da ao trabalho de investigar essas coisas (alem dos academicos, claro)? Aqui tambem nao, mas pelo menos os debates nao sao tao superficiais, e a investigacao eh mais facil e acessivel para o eleitor comum.



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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Feliz Aniversario, meu Brasil

Feliz Aniversario para o pais mais lindo do mundo, meu Brasil. Tanta Historia, tanto amor, tantos maustratos. Seria tao bom se as pessoas entendessem que cada um deve fazer a sua parte no dia-a-dia. Um pais nao se constroi a partir de eleicoes, ou do governo sozinho. Enquanto o povo ficar esperando que o governo seja uma grande mae de tetas sempre jorrantes, nao vamos a lugar algum. Enquanto o dinheiro publico for tratado como dinheiro de ninguem, nao teremos como construir nada. Cada suborno ao guarda, cada pequeno furto de papeis e canetas em reparticoes publicas, pequenas coisas que pensamos que nao fazem mal a ninguem, na verdade atrasam ainda mais o nosso desenvolvimento.



Se cada um faz uma pequena coisa errada por dia, sao quase 200 milhoes de pequenas coisas erradas POR DIA consumindo dinheiro que deveria ser usado na nossa saude, na nossa educacao. Se esse "pequeno deslize" vale 1 real, por dia serao 200 milhoes de reais, e por ano? 200 milhoes de reais x 365!!!! O ladrao, o corrupto eh voce mesmo! Cada CD/ DVD que voce compra no camelo, esta aumentando o custo do produto autentico, e desviando a remuneracao de milhares de pessoas envolvidas com a arte. Cada pessoa atacando um professor, durante uma jornada de trabalho mal remunerado, que buscava disciplinar o seu filho mal educado com um celular em sala de aula, contribui para mais um corrupto sendo formado no nosso pais. Crescendo na impunidade, achando que o mundo deve sempre se curvar diante da sua mediocridade, eh esse o filho que voce quer? Pior, eh esse o cidadao que o Brasil precisa? Que tipo de cidadao voce acha que ele sera? O governo eh soh um reflexo do nosso povo. Se voce acha que eles fazem pouco pelo pais, pense no quao pouco voce tambem faz, nao respeitando a sua comunidade, avancando sinal, estacionando em lugar proibido e depois reclamando da multa "injusta". Belo exemplo para as criancas, hein? Belo futuro que nos aguarda?

http://transparenciapolitica.blogspot.com/2010/09/suborno-e-crime.html

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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ouvinte e Falante

Uma vez li que 95% das pessoas sao do tipo Falante e 5% sao do tipo Ouvinte. Se essas estatisticas sao corretas, eu nao sei, por mim teria mais uma categoria, a dos Surdo-Mudo, gente que nao gosta nem de falar e nem de ouvir. Mas eu acho que as pessoas que fazem essas estatisticas nao tem la muita experiencia de vida e portanto nao podem classificar um comportamento que nunca viram ou erroneamente categorizam como problema mental, comportamental ou coisa do tipo.



Essa introducao toda so para dizer que eu preciso desabafar. Eu me enquadro no tipo Ouvinte com toda certeza. Eu gosto de ouvir e ficar quieta observando, nao por acaso sou uma cientista. O grande problema com isso eh que os Ouvintes precisam de um outro Ouvinte para desabafar. Porque ficamos calados ouvindo o desabafo dos nossos amigos, sentimos falta de receber o mesmo tipo de tratamento. E como eh muito dificil encontrar um outro Ouvinte, eu escrevo.

A vida entao muda, os paises sao outros, as culturas em torno de nos sao estranhas, e com isso ate a censura ao que precisamos falar aparece. E entao um amigo de verdade, de casa, faz falta. Mas nem todos os amigos sao Ouvintes, grande chance de serem Falantes, e quando acham que voce precisa de uma licao de moral, piora tudo porque se voce estiver sofrendo, vai ficar mais desconfortavel ainda. Eu fico irritadissima.



Um amigo Falante, que nao ouve o que voce precisa desabafar ou nao lhe deixa falar, nao eh necessariamente um mal amigo, soh um amigo com o qual voce nao pode ou nao deve contar para um desabafo. Os Falantes tem que falar sempre, falam pelos cotovelos, quando ninguem pediu a opiniao deles e muitos ate falam sem pensar. Quando eles desabafam, querem que o amigo que os ouve fale tambem, de opinioes, de conselhos. Se quiserem um Ouvinte que fique falando, isso tambem nao da muito certo. Dois Falantes desabafando entre si falam sem parar, e o mais comum eh nenhum dos dois ouvir o que o outro tem a dizer, mas esta tudo bem porque so estao colocando as palavras para fora, nao tem a necessidade de que alguem os ouca com atencao.

Falantes sao pessoas praticas, que tem que fazer as coisas. Ouvintes sao filosoficos, ficam remoendo as palavras dentro da cabeca, sao analiticos. Falar, para um Ouvinte, eh uma forma de organizar o pensamento dentro da cabeca e ajudar a tomar decisoes. Falamos PARA uma outra pessoa porque precisamos interagir com outras pessoas, somos humanos, ninguem vive sozinho. Um sorriso e um abraco sao as melhores respostas nesse caso. Um desabafo nao eh uma conversa, eh um instrumento de auto-ajuda. Ao menos para um Ouvinte.

The Phantoms of the Brain

De onde eu tirei essas ideias? Da minha observacao, ora bolas! E o que eu quero dizer com isso? Quero dizer que eu tambem sou gente e preciso que alguem me escute de vez em quando. Preciso de um abraco de um amigo, alguem que me escute olhando pra mim. ES-CU-TAR, e nao dar conselhos, me reeprender e tirar conclusoes do que eu nem consegui terminar de falar porque voce nao cala a boca para escutar. Desabafar eh uma forma que eu tenho de organizar meus pensamentos e o que eu preciso eh alguem que tenha empatia pelo que eu falo e que me deixe chorar se eu precisar. Se eu quiser conselho, eu peco. Se eu nao pedir, ouca e me de um abraco se eu chorar. Entendeu agora ou quer que eu desenhe?



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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Velho Bla Bla Bla - Expectativas no Exterior

O bom e velho bla bla bla de sempre: Qual eh o melhor pais para morar? Se 12 anos fora do Brasil me ensinaram alguma coisa, eu digo que isso nao existe. Nao existe pais melhor que o outro. As expectativas sobre morar no exterior variam muito de pessoa para pessoa. Existe, sim, pais onde voce encontra mais coisas que sejam compativeis com voce e suas expectativas. Talvez voce seja mais feliz por la. Talvez, porque muita gente romantiza o que vai encontrar fora do Brasil e tem expectativas irrealistas, terminando por se frustrarem com as experiencias vividas. Depende mesmo de cada um.

Ja falei aqui sobre o dia em encontrei uns goianos morando em Londres. Eles foram para la porque queriam ficar ricos e comprar "sitiozinho em Goias". Viviam 12 expremidos em um apartamento de 1 quarto e 1 banheiro, trabalhavam fazendo faxina e como motoboys, passavam os dias de folga fazendo churrasco na varanda ouvindo breganejo e falando mal da Inglaterra. A conversa deles era "quando voce acha que pode voltar ao Brasil?", nem passava pela cabeca daquele pessoal que alguem pudesse querer passar toda a vida no exterior. Nunca entraram na National Gallery ou passearam pelo Hyde Park. Desnecessario dizer que nenhum deles falava ingles - ou sequer se interessavam em aprender. Nao sabiam nem que fazia frio no inverno. Bem, o que eu tinha em comum com aquela turma? Com muita boa vontade encontro o fato de termos nascido no mesmo pais. E parava por ai mesmo. Nem a nossa lingua eu acho que era a mesma.

Rua em Chelsea, Londres

Os objetivos que cada um tinha sobre vida no exterior eram diametralmente opostos. As expectativas eram muito diferentes. Eu sonhei desde crianca em ir para a Inglaterra. Jah cheguei por lah falando ingles fluente. Conhecia a Historia e a cultura dos ingleses - jah desconfiava que muito do que aprendemos na Cultura Inglesa nao passava mesmo de lenda. Ja tinha a minha profissao e conhecia muito a respeito de Relacoes Internacionais e Historia em geral. Meu primeiro objetivo era crescer como pessoa e aprender tudo o que eu pudesse e, se possivel, ficar por la mesmo. Voltar para o Brasil sempre foi a minha ultima opcao. Nao achava que fosse encontrar um emprego de rainha no dia que chegasse em Londres, sabia que teria que trabalhar pesado, em coisas que nunca tive que fazer no Brasil. O fato de falar ingles me livrou das faxinas que normalmente sobram para os imigrantes. Eu era gerente de uma empresa no meu ultimo emprego no Brasil, mas tinha total consciencia que isso nao teria valor algum quando chegasse na Europa. Depois de um mes trabalhando como garconete, consegui um emprego de recepcionista - "cargo sofisticado" para quem acaba de chegar de outro pais, de acordo com a escala classificativa dos imigrantes sem perspectivas.

Passeio de Bicicleta pela City of London, junto com meu marido

Eu estava finalmente onde queria ter chegado a vida inteira: num lugar muito maior, cercado de Historia por todos os lados, tendo que me comunicar com pessoas de varias linguas e varias culturas, ao mesmo tempo, podendo viajar por lugares que sempre me instigaram. Toda a cena cultural de Londres era aquilo que eu sempre senti falta no Rio de Janeiro: ballet, opera, jazz, museus, arquitetura, tudo acessivel e que eu poderia aproveitar sozinha, caso nao encontrasse quem me acompanhasse no que eu gostava. Lugar seguro, com excelente transporte a noite inteira, eu saia para cima e para baixo sozinha a hora que bem entendia e sem correr risco algum. Se fosse soh pela seguranca, ja teria valido a pena. Mas era muito mais que isso. Eu estudei tanto, aprendi tanto, tive trabalhos divertidos e outros que me davam um monte de vantagens. Eu me virava sozinha, e muitas vezes tive ajuda de pessoas maravilhosas - que nao sao muitas, mas existem. Encontrei brasileiros de todo tipo, gente com a qual eu nunca teria contato se fosse no Brasil. E aprendi que nao era para ter contato mesmo, o fato de termos nascido no mesmo pais nao nos fazia iguais em nada. Aprendi tambem que quanto menos voce tem, mais as pessoas a sua volta, e na mesma situacao, se ajudam. Quanto mais as pessoas tem, menos elas se importam com os outros. Embora isso eu talvez tenha aprendido na minha familia mesmo.

No meio de tudo isso, eu trabalhava feito uma louca, quase 24/7, ganhando pouco, vivendo apertada, mas tao feliz. Eu sabia que as coisas cedo ou tarde se resolveriam e eu nao precisaria mais me preocupar com renovacao eterna de visto. Conquistei minha cidadania (com a grande ajuda da minha familia, no Brasil) e passei a ter uma vida normal de classe media, na Londres que tanto amava. E tinha gente achando que eu estava "fugindo", e que era "impossivel" gostar de Londres porque la era um lugar "horrivel". Eu sinto muito pela opiniao deles, eu estava onde queria estar, e aquele era o melhor lugar do mundo para mim. So que isso nao eh igual para todo mundo.

Por do Sol de verao, no deserto do Novo Mexico, com meu marido nativo


Casei, mudei para os EUA porque meu marido eh americano. Eu nunca sonhei em vir para esse pais, nem de ferias, nunca sonhei em ir a Disney. Talvez por isso mesmo eu nunca me decepcionei aqui, ja sabia o que ia encontrar.

Hoje, o futuro a Deus pertence. E eu sei que fui atras do que me faz feliz, sabendo o que estava fazendo, ao inves de esperar que a felicidade aparecesse na minha frente.

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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Muito Tempo

Muito tempo sem postar, muita coisa na cabeca, mas pouco o que falar. Deve ser o famoso balanco de vida dos 40. 40, eu? Engracado, parece mais eh que foram varias vidas de 10 anos cada, e nao uma vida so de 40 anos. Tanta coisa segmentada, que no fim - ou seja la, um dia - vai fazer sentido como uma coisa unica. Preciso me regatar, encontrar quem sou eu novamente. Ja estou longe faz muito tempo. Longe de mim mesma.



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