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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Feliz Aniversario, voce que ja morreu

Tenho saudades de quando voce era vivo.  Hoje sinto muita pena de voce, só espero que nao se levante tarde demais do túmulo.  Nem sei se ainda le o blog, talvez nao, sua internet deve ser censurada e voce ainda corre o risco de ir para o tronco né, isaura?  Nao tem problema nao, se levar uma mordida é só tomar uma anti-ofídica que tá tudo certo.  Voce já deve estar acostumado com isso, nao é mesmo?









Voce é autorizado a ouvir música ou Latino ainda é trilha sonora onipresente no seu ambiente?



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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A gente vai levando

hehehehehe  Tem dia que a gente (eu) fala demais.  Tem dia que nem lembra que deveria escrever um pouquinho.  E assim se faz um blog.

Rede, sossego, e cerveja gelada (na verdade é um monte de chá quente - com pastel de carne)!  Que a gripe já me pegou de jeito...

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Observacoes (quase) Antropologicas - Churrasco no Novo México, ou A Matanza – Parte 2

Quando se fala da comida preparada e servida durante uma típica Matanza é importante notar que a fritura e os grelhados sem pimenta sao as iguarias mais palatáveis para quem nao está acostumado com esses regionalismos. Quase tudo tem pimenta, um tipo que dizem só existe aqui, mas eu me abstenho de falar sobre ou provar esse assunto.




Um dos pratos típicos da cozinha local e indispensável em qualquer Matanza: Chicharrones, fritos pelos presentes ao longo da festa, e todos tem que ajudar.  É pele de porco frita na própria banha (e eu esqueci de pegar um pote de banha para levar para casa. Buáááá!). Existe um tacho gigantesco para essa fritura coletiva - a família inteira mexe o tacho, alternando criancas, adultos, jovens e nao tao jovens. Sempre soube que pele de porco frita resulta em torresmo. Só que isso que estavam fazendo aqui resultava em uns pedacinhos de carne suculentos enquanto quentes, e crocantes quando frio (bom demais!). E em nada me lembrava um torresmo da tia Leda. Se isso tem outro nome no Brasil, por favor me avisem pois estou por fora, nunca vi. Eu adorei (se é fritura, to dentro. Fica feliz o meu colesterol 340).
                                                                                                                                                        

Estava muito frio, eu vestia um casaco que mais parecia um edredon portátil, e nao queria chegar perto do fogo com medo de voar alguma faísca e incendiar o casaco comigo dentro.  Tolinha...  Fui intimada por um dos primos do Gerald a ajudar a escorrer a gordura das peles fritas.  Segundo ele, esse era o meu “rito de iniciacao” para ser aceita como um membro da família.  Entao tá, né?  Tirei o casaco, e lá fui eu para a beira do fogo, morrendo de medo de estragar alguma coisa e ainda me sujar.  Realmente, para tudo tem uma primeira vez.


A operacao é o seguinte: pela manha joga-se a pele de porco no tacho, fogo já aceso.  A pele vai soltando a própria gordura e o negócio todo comeca a ferver.  Em momento algum pode parar de mexer.  A família vai se revezando na atividade de mexer o caldeirao.  Tem gente que aguenta mais, tem gente que aguenta menos tempo, mas todo mundo tem que dar um pouco do próprio suor naquilo ali – deve ser parte do tempero?  Depois de umas 4 ou 5 horas alguém decide que está pronto.  Vem o caubói com um escorredor, retira a pele do caldeirao aos poucos, e deposita tudo naquele saco de juta que duas pessoas seguram.  Voce tem idéia de quanta pele tem um porco adulto????  Cada um torce o “torniquete” para o lado oposto, espremendo bem a gordura.  E repete-se tudo até acabar. Nao pode deixar cair nem um chicharrone de volta no tacho senao a zoacao é geral.  Fiz isso por 2 horas e só caiu algum uma única vez.  Lógico que essa é que foi filmada.  Chama-se Infalibilidade da Lei de Murphy.


E, voilá!  O astro da festa (ao menos para mim):


Repararam na minha falta de jeito?  Só faltou um salto alto para me deixar mais desengoncada ainda.  Parece até que nasci pra isso (sim, claro).  Hoje, assistindo ao vídeo novamente, lembra até uma sessao de inciacao das bruxas com a “mexecao” coletiva do caldeirao.  Só faltou a vassoura para dar um toque...





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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Observacoes (quase) Antropologicas - Churrasco no Novo México, ou A Matanza - Parte 1

Churrasco é churrasco.  Certo?  Erradíssimo. Se no Brasil adicionar qualquer coisa que nao seja sal grosso na carne da churrasqueira é um sacrilégio, em outras partes do mundo a carne é preparada das mais diversas formas .  A minha experiencia nesse caso é limitada, por isso nao creio estar apta a fazer muitas comparacoes, mas quero registrar algumas impressoes colhidas ao longo das minhas viagens.

A vida inteira frequentei churrascos a beira de piscinas, no Brasil.  Nunca fui num churrasco na roca, o que acredito ser mais farto e fresco.  No Brasil temos o molho a campanha, arroz e farofa como acompanhamentos básicos. Temos picanha, costela, asa e coracao de frango, linguica.  É o mínimo que se espera (embora por mim só precisasse de carne e cerveja).  Ir a um churrasco onde nao se tem nada disso soa estranho - dá a impressao de faltar algo e deixa-nos com uma fome e saudade enormes.



Na Inglaterra um churrasco pode ser alguma carne cortada em bife posta na grelha, vao também alguns legumes, frutas.  Como tudo na cozinha inglesa, sao tipicamente sem gosto por conta da ausencia total do sal - que na minha teoria os ingleses confundem com arsenico, nunca tem sal em comida alguma.  Enquanto morei na Itália nao vi churrasco (também nao conhecia brasileiros por lá, só andava com italianos) mas com aquela comida, nao dava nem tempo de lembrar do que existe no Brasil.  E sinceramente, em matéria de comida, moraria para sempre na Itália e muito feliz sem sair de lá.  Tem alguma coisa naquela Bota que é um mistério: o povo come diariamente como se fosse o último dia de vida e como precisassem se alimentar para a eternidade.  E nunca vi nenhum gordo por lá.  Juro.

Nos EUA tem aquilo que vemos em filme (e eu me incluo nisso): uma churrasqueira cheia de frescura, com uns hamburgueres por cima e umas salsichas.  E ainda assim queimam tudo.  Sem falar na melecada que poem em cima das carnes, todos aqueles molhos sao doces.  Nunca fui a um churrasco assim na casa de ninguém, mas o maridao já me levou para comer em "churrascarias".  Bem, nao recomendo se o que voce está atrás é de uma boa carne, é tudo doce ou com pimenta ou os dois juntos. Tempero, nem pensar.  Eu comi chorando de desgosto.  Se o que voce quer é uma experiencia nova e conhecer novos sabores, vai em frente.  Depois me conta o que achou.


Hoje estou morando no Novo México.  E como é o churrasco aqui?  Tá certo que é parte dos EUA, mas a comida tem influencia mexicana muito mais forte que a americana.  E eu moro na roca.



Tive o prazer de participar de uma Matanza, que seria uma espécie de "grande churrascada anual" para quem cria animais.  Mata-se um porco ou um boi pela manha.  Segue a limpeza, o corte e o preparo das carnes.  Cozinha-se, grelha-se, frita-se, toda a carne durante a festa que leva um dia inteiro.  Muita comida e a família e os amigos reunidos. Haja gente para comer um porco inteiro, imagina um boi! Costuma ser durante o outono (já está um frio corno, ainda mais para quem saiu do Rio de Janeiro), mas tem gente que também faz no inverno.  Isso porque o Novo México é no deserto e os animais engordam mais durante o verao, quando chove e tem mais pasto para alimentá-los.  No outono o gado está mais gordinho e é quando os produtores vendem suas cabecas.  Ou se mata algum para a churrascada monumental.



Eu adorei a festa, mas só cheguei depois que já estava tudo no fogo (imagina se me pegam para cortar um pedaco de porco, tá doido!).  Nesse churrasco encontramos também uma panelada de "red chile" e vários bifes feitos sempre com muita pimenta local. É muita carne e preparada de diversas formas, nem me lembro de tudo.  E ainda tem os acompanhamentos, sendo que me chocou  uma sopa de pipoca - muito estranha.  Ouvi dizer que é um prato típico mexicano e dessas coisas eu prefiro nem lembrar o nome.  Nessas horas eu dou Gracas a Deus por ser brasileira.


A festa nao tem hora para acabar, a noite já está quase congelando os ossos (das pessoas, nao do suíno em questao) e vai todo mundo ficar em volta do fogo assando marshmellow.  E ainda tem comida que sobrou e todo mundo leva uma quentinha para casa.

 

Todas as fotos sao da Matanza da minha nova família, que foi em novembro passado.  O que tem no caldeirao é o assunto do próximo post.

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

De Mudanca

Pois é. Mais uma vez. E agora para nossa casa própria. O que poderia ser melhor? É tempo de bebemorar mesmo - pelo meu aniversário, nao pelo carnaval.